Gestor escolar, você tem clareza da diferença entre alfabetização e letramento?
A alfabetização refere-se ao processo de aprender as habilidades básicas de leitura e escrita, enquanto o letramento é o processo de desenvolver a capacidade de usar a linguagem de forma eficaz em diferentes contextos sociais e culturais.
Esses dois processos são importantíssimos para o avanço escolar e para a inserção social dos estudantes.
Porém, para que eles funcionem, é preciso ter clareza das distinções entre eles e do papel de cada um na formação escolar. Só assim a equipe gestora pode orientar os docentes nas práticas pedagógicas, visando os melhores resultados.
Por isso, o Educacional preparou um artigo sobre esse assunto. Leia até o final para entender como desenvolver a alfabetização e o letramento em sua escola, de forma eficaz e complementar.
O que é alfabetização?
De acordo com Magda Soares, educadora que é referência em alfabetização no Brasil, a alfabetização é o processo pelo qual se adquire tanto o domínio do sistema de escrita alfabético-ortográfica quanto das habilidades de utilizá-lo para ler e escrever.
Esse processo envolve o conhecimento do alfabeto e também capacidades motoras para manipular os equipamentos de escrita. É um aprendizado complexo que exige abstração, memorização, decifração de sinais gráficos e codificação de fonemas.
De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a alfabetização deve ser concluída no 2º ano do Ensino Fundamental. Assim, espera-se que a criança esteja plenamente alfabetizada até os 7 anos de idade.
Embora a Educação Infantil possa contribuir para o aprendizado, é no 1º e 2º ano do Ensino Fundamental que a alfabetização é realmente trabalhada nas escolas, como foco principal do planejamento pedagógico.
O que é letramento?
O letramento foi definido pela educadora Magda Soares como “o desenvolvimento das habilidades que possibilitam ler e escrever de forma adequada e eficiente, nas diversas situações pessoais, sociais e escolares em que precisamos ou queremos ler ou escrever diferentes gêneros e tipos de textos, em diferentes suportes, para diferentes objetivos”.
Entre esses objetivos, podemos citar:
- informar ou informar-se;
- interagir com os outros;
- imaginar e criar arte;
- ampliar conhecimentos;
- divertir-se;
- interpretar textos;
- produzir diferentes tipos e gêneros textuais;
- preencher um formulário.
Qual é a diferença entre alfabetização e letramento?
Como você percebeu, os significados de alfabetização e letramento são muito similares. Porém, há uma diferença: o foco da alfabetização está no domínio do código escrito, enquanto o do letramento está na prática social da cultura escrita.
O termo “letramento” surgiu no Brasil na década de 80, em decorrência das transformações sociais, econômicas e culturais do país, além da diminuição da taxa de analfabetismo.
A criação dessa palavra, para Magda Soares, marcou a mudança de pensamento dos educadores sobre o ensino da língua escrita na escola. Os professores entenderem que, muito além de aprender a ler e a escrever, os alunos precisavam se apropriar da prática da leitura e da escrita, de forma competente e frequente.
“Um indivíduo alfabetizado não é necessariamente um indivíduo letrado; alfabetizado é aquele indivíduo que sabe ler e escrever; já o indivíduo letrado, o indivíduo que vive em estado de letramento, é não só aquele que sabe ler e escrever, mas aquele que usa socialmente a leitura e a escrita, pratica a leitura e a escrita, responde adequadamente às demandas sociais de leitura e de escrita.”
– Magda Soares
Assim, a alfabetização e o letramento são dois processos diferentes, porém inseparáveis. Um complementa o outro e o professor pode articular os dois ao mesmo tempo.
Alfabetização e letramento segundo a BNCC
A BNCC defende uma abordagem explícita de alfabetização, que combina o trabalho com textos reais e práticas sociais de leitura e escrita com atividades específicas sobre o sistema de escrita alfabética.
Já o letramento é entendido como a capacidade de usar a linguagem de forma eficaz em diferentes contextos sociais e culturais.
A BNCC enfatiza a importância de desenvolver habilidades de leitura, escrita, oralidade e análise linguística/semiótica, que são as quatro categorias de práticas de linguagem:
- Leitura/escuta: a escola deve ampliar o letramento por meio da progressiva incorporação de estratégias de leitura compartilhada e autônoma em textos de diferentes complexidades.
- Escrita: busca-se construir o domínio progressivo da habilidade de produzir textos em diferentes gêneros, tendo em vista a interatividade e a autoria.
- Oralidade: desenvolver habilidades de comunicação oral em diferentes contextos.
- Análise linguística/semiótica: analisar e compreender a estrutura e o funcionamento da linguagem.
Como desenvolver a alfabetização e o letramento de forma complementar?
Como defendido pelos doutores em Letras Onaide e Olympio Mendonça,
“não há necessidade de primeiro aprender a técnica, para só depois dar início ao processo de letramento”.
Essa abordagem integrada para a alfabetização e o letramento, enfatizando a importância de trabalhar esses processos de forma contextualizada e significativa, vai de encontro com o que preconiza a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Isso significa que os professores podem trabalhar os dois processos ao mesmo tempo, utilizando textos do cotidiano nas atividades de alfabetização. Ou seja, ao invés de usar cartilhas, cujo único objetivo é memorizar sílabas, é recomendado que o docente utilize textos reais, veiculados socialmente, como:
- livros infantis;
- receitas;
- notícias;
- quadrinhos;
- folhetos de propaganda;
- bula de remédio;
- cartões comemorativos;
- e poemas.
Também é importante utilizar textos online (artigos de blog, textos em redes sociais, e-mails) para apoiar o letramento digital.
Esse contato com a escrita deve sempre instigar os alunos a compreenderem o significado e a finalidade de cada texto: o que ele comunica, quem escreveu, para quem se destina e quais são as suas características verbais e não verbais.
“Os estudos apontam que a familiarização das características da leitura, por meio de atividades contextualizadas, com conteúdo atraente e próximo da vida escolar e da vida social do aluno, garante o alcance de resultados bem-sucedidos.” – Maria Iolanda Monteiro
A familiarização das características da leitura e interpretação de texto, por meio de atividades contextualizadas e com conteúdo atraente, pode garantir resultados bem-sucedidos na alfabetização e no letramento.
Atividades de alfabetização e letramento para o Ensino Fundamental
Agora que você já compreendeu a diferença entre alfabetização e letramento, confira abaixo algumas sugestões de atividade:
- Leitura em voz alta: ler histórias, notícias, propagandas, avisos, cartas e outros textos para os alunos em voz alta. Durante a leitura, o docente pode mostrar aos alunos a orientação da leitura (da esquerda para a direita), apontando também as palavras, os espaços em branco, as pontuações e os parágrafos.
- Exploração de textos: trazer para a sala de aula textos de diferentes gêneros e suportes, explorando a função, o público-alvo, a forma de organização e a linguagem de cada um. Antes de dar explicações, é recomendado que o professor instigue os alunos a deduzirem a função social dos textos, a fim de valorizar seus conhecimentos prévios.
- Cópia do próprio nome: pedir para os alunos copiarem o próprio nome em seus crachás, com o objetivo de facilitar a memorização dos nomes dos colegas.
- Aprendizado da ordem alfabética: apresentar as 26 letras na ordem alfabética para que o aluno tenha uma visão global do alfabeto e consiga distinguir as letras.
- Registro da rotina escolar: peça para os alunos escreverem no quadro o dia da semana e anotarem, na agenda escolar, as tarefas de casa, os avisos e os eventos da escola.
- Produção coletiva de textos: escreva um texto no quadro com a ajuda dos alunos, ouvindo e acatando suas sugestões.
- Leitura crítica: depois de ler um livro, discuta com os alunos o conteúdo do texto, o seu título, as características gerais do gênero textual, os “ditos” e “não ditos” do texto.
- Leitura com escrita: no meio da leitura, peça para os alunos escreverem uma palavra de destaque em seu caderno ou na Mesa Educacional;
- Ilustração de cenas: peça para os alunos ilustrarem uma cena do texto, desenhando no caderno o cenário e os personagens do texto, ou montando as imagens na Mesa Educacional.
Conheça a Mesa Educacional
A Mesa Educacional é uma tecnologia que favorece a alfabetização e o letramento por meio de atividades interativas e envolventes para as crianças.
Desenvolvida pelo Educacional, Ecossistema de Inovação e Tecnologia, ela é composta por:
- monitor;
- blocos coloridos com letras, números, símbolos, imagens, etiquetas em Braille e datilologia;
- cartões;
- um aparelho que faz a “leitura” dos blocos;
- um sintetizador de voz;
- e um software com livros, atividades de alfabetização, animações em Libras, recurso de lupa e Realidade Aumentada.
Na Mesa Educacional, os alunos realizam atividades de reconhecimento de letras, formação de palavras, criação e recriação de histórias. Assim, as crianças aprendem a ler e escrever de uma forma divertida e significativa.
A Mesa comporta até seis estudantes de uma só vez, possibilitando a aprendizagem colaborativa.
Além de ser um recurso pedagógico para alfabetização, a Mesa Educacional serve de apoio para o Atendimento Educacional Especializado (AEE) em salas de recursos multifuncionais.
Quer tornar o processo de alfabetização e letramento da sua escola mais interativo e divertido? Então leve a Mesa Educacional para sua instituição. Entre em contato em um dos consultores do Educacional para adquirir mais informações.
